Um país que anda constantemente numa rotunda e que tarda em perceber qual a direcção que deve tomar para dela sair.

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Da Série: História

No dia 14 de Maio de 1948 foi criado o Estado de Israel sob a égide das Nações Unidas.

O plano de partição das Nações Unidas compreendia a divisão do território em dois Estados, um judeu (Israel) e outro árabe (Palestina), sendo que os judeus recebiam 57% do território, enquanto os árabes ficavam com 43%. Os palestinianos, bem como os Países da Liga Árabe (Egipto, Síria, Líbano e Jordânia) recusaram de imediato o plano proposto pelas Nações Unidas, com o fundamento de que os judeus representavam apenas 32% de população total residente no território.

Para além das razões histórico-religiosas inerentes à "instalação" do estado judaico naquele território (criação do estado de Israel por David há mais de 3000 anos em Jerusalém – a "Terra Santa"), existem igualmente razões políticas.

A Palestina, como se designa o território em conflito, foi dominado durante séculos por variadíssimas civilizações, desde os Persas, aos Gregos, aos Romanos e aos Otomanos. No final da 1ª Guerra Mundial, e na sequência da derrota turca, o território passou para domínio inglês, tendo a Inglaterra se comprometido gradualmente a “facilitar” a criação de um estado judaico naquele território.

A imigração e o retorno dos judeus espalhados pelo mundo a Jerusalém foi uma realidade e após a 2ª Guerra Mundial os países aliados reconheceram a legitimidade ao movimento sionista para fundar o estado de Israel, sempre com a participação activa da recém-criada ONU.

Após a proclamação do Estado de Israel, e do quase simultâneo reconhecimento do mesmo (minutos depois) pelos EUA, os exércitos árabes (Egipto, Iraque, Líbano e Síria) juntaram forças para iniciar um forte ataque a Israel. Subitamente, tinha sido criado num ponto nevrálgico do Médio Oriente um país não árabe, com diferente cultura, diferente religião e democrático. No final desta primeira guerra, Israel tinha conquistado 85% do total do território palestiniano.
De lá para cá as guerras foram-se e vão-se sucedendo (a Guerra do Suez em 1956, a Guerra dos Seis Dias em 1967, a Guerra do Yom Kipur de 1973 e as duas últimas guerras com o Líbano de 1982 e 2006).
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sábado, 6 de dezembro de 2008

O que é o Bloco de Esquerda ?


Nunca o Bloco de Esquerda esteve tão perto do poder. É verdade que Sá Fernandes se candidatou como independente, mas era um independente com o apoio claro do Bloco de Esquerda e cuja acção política esteve desde o início concertada entre ambos. Os vários episódios que culminaram na recente decisão da direcção do Bloco de Esquerda em retirar o apoio a Sá Fernandes na Câmara Municipal de Lisboa e o assumir da ruptura com o “seu” vereador é a prova de que o Bloco de Esquerda não existe para criar, governar, construir. A razão da sua existência é a inversa, é utilizar a demagogia, é polemizar, é destruir. O Bloco de Esquerda é o partido que luta pela despenalização do aborto, pelo casamento dos homossexuais, mas não mais do que isso. Na verdade, podia ser uma mera associação civil que de tempos a tempos renascia na opinião pública consoante os ciclos de vida de causas mais ou menos marginais da nossa sociedade, dos nossos costumes.

Sendo naturalmente insuspeito no elogio, não deixa de ser digno de registo a seriedade com que o seu rival PCP encara os desafios políticos. Com um histórico de governos de alianças na Câmara Municipal de Lisboa as relações políticas quando estabelecidas pelo PCP são para levar até ao fim. É verdade que nem sempre são possíveis, os acordos com o PCP são uma verdadeira batalha, desde logo porque as ideias do PCP são difíceis de enquadrar na realidade de hoje, mas chegado a um acordo político, este é para levar até ao fim. É possível confiar e só isso representa uma grande diferença face ao Bloco de Esquerda.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Poder da Comunicação


A primeira página dos dois principais (com ainda alguma credibilidade) diários generalistas portugueses no dia de hoje davam destaque à suposta gaffe de Manuela Ferreira Leite. Na blogosfera, políticos do PS, PSD, BE (...) todos comentavam a substância da seguinte declaração pseudo-fascista de Manuela Ferreira Leite:

“Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se”,“E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia”. “Agora em democracia efectivamente não se pode hostilizar uma classe profissional para de seguida ter a opinião pública contra essa classe profissional e então depois entrar a reformar - porque nessa altura estão eles todos contra. Não é possível fazer uma reforma da justiça sem os juízes, fazer uma reforma da saúde sem os médicos”.

A ironia da declaração (que por isso não é gaffe nenhuma) e a crítica ao governo de Sócrates é evidente. Só um reparo a fazer, o uso da ironia pressupõe sempre a inteligência dos destinatários, o que, como se percebeu, seria sempre um exercício arriscado.

De bradar aos céus é a quase inexistência de notícias e comentários sobre um despacho clarificador da Sra. Ministra da Educação sobre o regime de faltas dos alunos (estes também em manifestação há dias atrás). Descubram as diferenças, e vejam a alteração produzida (ou seja o recúo, que José Sócrates nunca concede) no "Despacho Clarificador".

Artigo 22.º Efeitos das faltas - do regime jurídico em vigor)

1 — Verificada a existência de faltas dos alunos, a escola pode promover a aplicação da medida ou medidas correctivas previstas no artigo 26.º que se mostrem adequadas, considerando igualmente o que estiver contemplado no regulamento interno.

2 — Sempre que um aluno, independentemente da natureza das faltas, atinja um número total de faltas correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino secundário e no ensino recorrente, ou, tratando -se, exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos e níveis de ensino, deve realizar (...) uma prova de recuperação, na disciplina ou disciplinas em que ultrapassou aquele limite, competindo ao conselho pedagógico fixar os termos dessa realização.

3 — Quando o aluno não obtém aprovação na prova referida no número anterior, o conselho de turma pondera a justificação ou injustificação das faltas dadas, o período lectivo e o momento em que a realização da prova ocorreu e, sendo o caso, os resultados obtidos nas restantes disciplinas, podendo determinar:(...) c) A exclusão do aluno que se encontre fora da escolaridade obrigatória, a qual consiste na impossibilidade de esse aluno frequentar, até ao final do ano lectivo em curso, a disciplina ou disciplinas em relação às quais não obteve aprovação na referida prova.


Despacho do Minsitério da Educação:

Considerando que a adaptação dos regulamentos internos das escolas ao disposto no Estatuto do Aluno nem sempre respeitou o espírito da Lei, permitindo dúvidas nos alunos e nos pais acerca das consequências das faltas justificadas designadamente por doença ou outros motivos similares (...). Tendo em vista clarificar os termos de aplicação do disposto no Estatuto do Aluno, determino o seguinte:

1 – Das faltas justificadas, designadamente por doença, não pode decorrer a aplicação de qualquer medida disciplinar correctiva ou sancionatória.


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terça-feira, 18 de novembro de 2008

Bandeira Nazi no Parlamento da Madeira

Conforme bem sabemos, no passado dia 5 do corrente, o deputado José Manuel Coelho, do PND, exibiu a bandeira nazi em plena sessão do Parlamento na Madeira, atitude com a qual pretendia demonstrar o regime que se vive na Madeira, segundo ele, anterior ao 25 de Abril de 1974, e portanto um regime não democrático.

Apesar de sabermos que não tem havido alternância no poder no Governo Regional, que o Alberto João tem o feitio que tem, mas daí chegar-se a este exagero, de muito mau gosto, a que chegou este senhor, é de lamentar.

Foi um tristíssimo episódio, cujas implicações não foram, na minha opinião, tão severas quanto deviam. É que, apesar de haver liberdade de expressão, exibir um símbolo que significa na História Mundial, entre várias coisas horríveis, a morte de milhões de judeus no Holocausto, é muito grave, sendo que o silêncio que se seguiu por parte, nomeadamente do Presidente da República, não foi nada positivo. Exigia-se o repúdio veemente deste acto, que não foi irreflectido, mas premeditado, bem como, consequências políticas imediatas para este deputado.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Da série: História




A partir da década de cinquenta a CIA inicia contactos com a PIDE/DGS com o objectivo de prestarem colaboração mútua. A origem destes contactos deveu-se ao facto da CIA ter ficado impressionada com o trabalho "extraordinário" levado a cabo pela PIDE em Portugal. As duas polícias acordaram fundamentalmente na troca de informações sobre organizações comunistas, bem como proceder a operações de infiltrações no seio destas, matéria em que a PIDE tinha larga experiência em Portugal.

Mais tarde, a CIA chegou mesmo a convidar alguns elementos da PIDE para frequentarem nos EUA cursos de escuta telefónica, intercepção postal, criptografia, microfilmes, etc.
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terça-feira, 11 de novembro de 2008

Momento da Verdade


Acabo de assistir a um episódio do programa "Momento da Verdade", em que o concorrente tem que responder a perguntas sobre a sua vida pessoal para ir acumulando dinheiro.

A concorrente neste programa acabou de ganhar o prémio máximo - € 250,000.00. A última pergunta era: "Costuma sentir saudades da sua mãe?". A resposta foi não. A concorrente após validação da resposta pelo polígrafo e de ter percebido que tinha ganho o prémio entrou num estado de euforia incontrolável, saltou, gritou, abraçou-se à apresentadora do programa. Afinal tinha ganho € 250,000.00. Explicam-me, pois eu não vi o início do programa, que esta mulher tinha tido uma vida complicada. Mas eu, sinceramente, e sem falsos moralismos, continuei sem perceber. Esta mulher declara não ter saudades da sua mãe e em acto contínuo, após ganhar o prémio, parece ter atingido a felicidade máxima que qualquer ser humano pode alcançar.
Não percebo.
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domingo, 2 de novembro de 2008

Da série: Literatura



(Conversa entre o Sr. Toru Okada de meia idade (TO) e uma jovem de 15 anos (J) num jardim privativo e degradado nas traseiras de um prédio onde ambos são moradores e vizinhos).

J - Estás aí em baixo, não estás? Sei que estás aí. Então não me respondes?
TO - Sim, estou aqui.
J - Que diabo fazes aí?
TO - Penso.
J - Não percebo. Desde quando é que é necessário descer ao fundo de um poço para pensar? Imagino o desconforto que isso deve representar, já para não falar nas chatices!
TO - Em contrapartida, ajuda uma pessoa a concentrar-se. Está escuro, fresco, em silêncio.
J - Costuma dar-te muitas vezes para aí?
TO - Nada disso. É a primeira vez na vida. Quero dizer, a primeira vez que desço ao fundo de um poço.
J - E está tudo a correr bem? Estás a conseguir pensar, aí enfiado?
TO - Ainda não sei. Ainda estou a ver como é que a coisa funciona.
(...)
J - Escuta.
TO - O que é?
J - Se os homens vivessem eternamente, sem nunca desaparecerem deste mundo, sem nunca envelhecerem, nem perderem a saúde, acreditas que se davam ao trabalho de queimar os neurónios a pensar nisto e naquilo, como nós fazemos? Em filosofia, religião, psicologia, lógica, literatura. (...)

Quem é que se daria ao trabalho de pensar a sério sobre o facto de estar vivo, se soubesse que continuaria a viver tranquilamente para sempre? Ou então, mesmo que a necessidade de reflectir fosse real, o mais certo era as pessoas acabarem por dizer: "Tudo bem, ainda tenho muito tempo pela frente. Deixo isso para mais tarde."

As coisas não são assim. Temos obrigação de pensar neste instante, aqui e agora.

(excerto de "Crónica do Pássaro de Corda" de Haruki Murakami).


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terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Peste Negra do Séc. XXI (II)

O Expresso publicou esta semana uma entrevista muito interessante com o ex-Governador do Banco de Portugal, Silva Lopes, em que este defendia um sistema de poupança obrigatória.

A ideia é muito simples e interessante, como a populaça já por diversas vezes mostrou total incompetência para gerir o seu (parco) património, contraindo galopantemente crédito junto da banca, sem capacidade depois para o pagar, uma percentagem do seu rendimento deveria obrigatoriamente ser depositado todos os meses junto de um banco (numa conta aberta em nome dessa pessoa) para fazer face a eventuais "contratempos futuros" (por exemplo ter que pagar o que deve).

Bem sei que é uma medida própria de um processo de interdição aplicável a casos de anomalia psíquica, mas receio bem que a medida faça todo o sentido e seja plenamente adequada ao estado de desgraça a que chegámos em pleno séc. XXI.


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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Igualdade?


Lê-se aqui que o líder da Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe) mantinha uma relação amorosa com o seu antecessor, Joerg Haider, com o conhecimento da mulher deste. Há uns tempos - e porque o fantasma da extrema-direita ainda pesa muito na Europa - um pouco por toda a parte (e, desde logo, na Tertúlia Liberal), muitos não hesitaram em colar Haider à extrema-direita, outros aos movimentos conservadores, todos à direita em geral.

Sobre esta matéria há duas notas que queria deixar: uma de cariz político, outra sobre concepções pessoais sobre política legislativa.

Começando pela componente política, de nada me choca que dois políticos austríacos de direita entendam viver a sua vida segundo as suas preferências. A veracidade das revelações de uns, omissões de outros ou modelos familiares do conjunto de pouco me importam: cada um segue as suas convicções com a liberdade de que todos beneficiamos e sem que a concepção moral de cada um nos deva servir para julgar os outros (o que, inevitavelmente, sempre fazemos).

Mais... De pouco interessa que se movimentem na área política da direita: o posicionamento político tem mais que ver com concepção de Estado e grau de intervenção deste na economia, mais do que com convicções éticas (ainda que sociológicamente coincidam com frequência).

Agora a “causa fracturante” que alguns senhores entenderam discutir a meio de uma crise económica mundial que parou a nossa economia e cujos efeitos ainda não parecem ter sido eliminados: o casamento dos homosexuais. Confesso não ser fã de política panfletária (muito em voga entre nós nas franjas, à direita e à esquerda): porque nada (de verdadeiramente fundamental) resolve e porque pouco (de estruturado) constroi. Mas vale a pena pensar se a resolução destes problemas, se solucionados a contento das “minorias vanguardistas e igualitárias” são culturalmente inaceitáveis... Por muito que direito não seja cultura.

O direito não é cultura mas não deixa de ter um forte pendor cultural. A observância das leis passa também pelo grau de identificação entre a comunidade e a normatividade que lhe é imposta, sendo certo que essa identificação deriva em larga medida de um determinado contexto socio-cultural. Parece ser isso que justifica a existência de sistemas jurídicos relativamente identificáveis como “grupos”, parece ser isso que enquadra as suas diferenças e/ou factores de homogeneidade entre si.

Dando como certo que conceber o casamento como uma instituição fundamental do nosso sistema jurídico pressupondo que é contraído entre duas pessoas de sexo diferente é claramente cultural, como é cultural (e não obrigatório) entender o casamento como orientado para a reprodução (que não o esgota nem “segura”), não sou favorável ao casamento entre homosexuais. Dêm aos casais - qualquer que seja a sua orientação sexual - os mecanismos adequados para reger a sua vida e património, mesmo para além da primeira. Mas não acabem com a instituição, não a descaracterizem.

Questão de nomenclatura? Porventura. Mas se é reprovável negar um direito por uma questão de nomenclatura, não é menos reprovável exigi-lo apenas por isso. Que se encontrem mecanismos alternativos (que, refira-se, já existem ainda que com a limitação da quota indisponível)...

A propósito: quando se reclama a igualdade para exigir a admissibilidade do casamento entre homosexuais, a ninguém ocorre que um bígamo (porventura até por questões religiosas), um bisexual ou um transsexual padeça da mesma discriminação? Que fazer quanto a isso: não é também cultural discriminar?

Voltando ao início: não basta aos Senhores do BZOe serem discriminados por serem desalinhados com o pensamento político dominante (ser de direita não é chique, nos dias que correm...): tornam-se agora motivo de conversa por não terem as preferências sexuais da maioria ou, para o que para alguns importa, sequer da minoria mais expressiva...
Tudo isto "espremido" subsiste a pergunta: a nossa vivência em comunidade melhoraria alguma coisa com tudo isto? É só espuma, porque a política já não abunda.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Presidente do Mundo


De acordo com as últimas sondagens, Barack Obama será eleito presidente dos EUA.

A decisão não é fácil. Se abordarmos os principais temas, política fiscal e social, economia, política externa, só talvez neste último caso seja possível demarcar uma fronteira nítida entre os dois candidatos, e se calhar mais aparente do que se julga. Não deixa de ser interessante analisar as habituais guerrinhas esquerda, que apoia Obama, e direita, que apoia McCain, mas o que verdadeiramente os distingue é o manto de imprevisibilidade de Obama.

McCain será mais um presidente da história dos EUA, de certeza melhor que o seu antecessor e pior que o antecessor deste (no último debate, o mais interessante de todos, disse olhos nos olhos a Obama: "I am not President Bush"). Obama, que é certamente a pessoa no mundo mais segura e auto-confiante a dar apertos de mão e a saudar multidões que eu conheço, ninguém sabe muito bem o que representa ou pode vir a representar para os EUA. Carrega consigo uma forma diferente, é verdade que é uma forma anti-Bush, mas é também uma forma que ilude e faz sonhar. É esta forma que prevalecendo sobre o conteúdo, faz acreditar, mas também faz duvidar sobre o que dali pode vir para os EUA e para o mundo.
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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O milagre do sol - verdade ou mito?

O chamado Milagre do Sol foi um fenómeno testemunhado por cerca de 50.000 pessoas em 13 de Outubro de 1917, na Cova da Iria, perto de Fátima.

As estimativas do tamanho da multidão variam de "trinta a quarenta mil" por Avelino de Almeida, escrevendo para o jornal português O Século a cem mil, segundo estimativa de José de Almeida Garrett, professor de ciências naturais na Universidade de Coimbra. Ambos presenciaram o fenómeno.

As crianças haviam relatado em datas anteriores que Nossa Senhora tinha prometido um milagre para o meio-dia de 13 de Outubro, na Cova da Iria, "de modo que todos pudessem acreditar."
De acordo com muitas indicações das testemunhas, após uma chuva torrencial, as nuvens desmancharam-se no firmamento e o Sol apareceu como um disco opaco, girando no céu. Algumas afirmaram que não se tratava do Sol, mas de um disco em proporções solares, semelhante à lua. Disse-se ser significativamente menos brilhante do que o normal, acompanhado de luzes multicoloridas, que se reflectiram na paisagem, nas pessoas e nas nuvens circunvizinhas. Foi relatado que o pretenso Sol se teria movido com um padrão de ziguezague , assustando muitos daqueles que o presenciaram, que pensaram ser o fim do mundo. Muitas testemunhas relataram que a terra e as roupas previamente molhadas ficaram completamente secas, num curto intervalo de tempo.

De acordo com relatórios das testemunhas, o Milagre do Sol durou aproximadamente dez minutos. As três crianças, relataram terem observado Jesus, a Virgem Maria, e São José abençoando as pessoas dentro ou junto do Sol. Outras testemunhas afirmaram ter visto vultos de configuração humana dentro do Sol quando este desceu.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Da série: História



O Estado Novo aprova em meados da década de 30 "Leis de interdição ou restrição ao casamento", que visavam fundamentalmente impedir que as mulheres pudessem ter uma profissão.

Salazar é claro quando afirma de viva voz: "As mulheres não compreendem que não se atinge a felicidade pelo prazer, mas sim pela renúncia. As grandes nações deveriam dar o exemplo, conservando as mulheres no lar. Mas as grandes nações parecem ignorar que a constituição sólida da família não pode existir se a esposa viver fora da sua casa."

Por exemplo, em 1936 é aprovado o Decreto-Lei de 24 de Novembro que estabelece no seu artigo 9º que o casamento das professoras não poderá realizar-se sem autorização do ministro da Educação, sujeitando tal autorização a um conjunto de condições (ex: "Ter o pretendente vencimentos ou rendimentos documentalmente comprovados, em harmonia com os da professora").

Em 1942, a profissão de enfermeira passa a ser reservada a mulheres solteiras ou viúvas sem filhos. Os hospitais tinham de dirigir um pedido de autorização de casamento ao ministro do Interior, pedido que em geral era recusado.

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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Peste Negra do Séc. XXI


É unânime entre os analistas que a actual crise dos mercados financeiros resultou do problema sub-prime, que mais não é do que impossibilidade de alguns (muitos) clientes de bancos poderem cumprir com o crédito à habitação (e outro) acordado com o seu banco. De facto, se bem nos recordamos, a subsequente venda em massa deste tipo de crédito a outras instituições financeiras que depois trataram de empacotar tudo em novos produtos financeiros agravou o problema e desencadeou o efeito "dominó" que todos nós conhecemos.

Ora, se estamos de acordo quanto a este ponto, não deixa de ser no mínimo absurdo que nesta altura, em que se discute a legitimidade de planos paulsons e nacionalização de algumas instituições financeiras, que se pretenda responsabilizar na íntegra essas mesmas instituições financeiras pelo sucedido.

A constante desresponsabilização do povão que tendo 100 de rendimento contrata um empréstimo em que se vê obrigado a pagar 95 ou vários empréstimos de 30 não é mais do que um sinal dos tempos modernos. Aliás a actual crise é uma espécie de peste negra do século XXI em que todas as pessoas querem tudo e já, não querendo assumir as consequências do que contratam. Se o meu vizinho tem um lcd eu também tenho que ter, etc.

A tudo isto acresce a passividade do poder político em Portugal, e não só, que durante todo este período assobiou para o ar, mostrando até alguma satisfação pelo estado quase eufórico com que a generalidade da população encarava a sua vida e deixava de lado os reais problemas que esse poder político deveria resolver.


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sábado, 27 de setembro de 2008

Haruki Murakami


Os livros de Haruki Murakami são uma verdadeira dependência. Este japonês, de quem já li "Em busca do Carneiro Selvagem", "Dança, Dança, Dança", "Kafka à beira-mar" e estou a ler "Crónica do Pássaro Selvagem" (que os críticos dizem ser a sua obra-prima) consegue algo de único, e quase disparatado, que é o de tratar de temas tão importantes, como a solidão, os valores (ou a falta deles) da sociedade actual, conflitos interiores, através de histórias em que entram carneiros que falam, velhos que falam com gatos ou prostitutas que citam Hegel. E o melhor de tudo é que as suas histórias são tudo menos ficção, os seus livros respiram vida.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Da série: História


Durante o verão de 1943, Portugal cedeu várias bases nos Açores ("Operação Lifebelt") aos norte-americanos e ingleses. Após esta cedência, Salazar pediu aos aliados o não envio de tropas militares para as bases, de modo a que Portugal mantivesse a sua "posição neutral" durante a 2ª Guerra Mundial perante os germânicos (seria quase uma "mera cedência logística").
Após grande insistência de Roosevelt no envio de tropas, pois receava um forte ataque alemão às bases nos Açores, Churchill intercedeu junto do líder norte-americano para que tal envio de tropas não fosse efectuado.
É bom lembrar, neste contexto, que Portugal durante a 2ª Guerra Mundial foi fornecedor regular de volfrâmio à Alemanha de Hitler. Este facto permitia não só Portugal jogar nos dois tabuleiros da 2ª Guerra Mundial em simultâneo, como também que Churchill não tivesse receios de retaliações alemãs às bases nos Açores.
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sábado, 13 de setembro de 2008

Cooperação Estratégica em risco


Uma das grandes almofadas deste governo tem sido a tão propalada cooperação estratégica. Quem se recorda dos tempos de Cavaco Silva como primeiro ministro, não pode deixar de valorizar (como factor de estabilidade) a relação que este agora mantém com José Sócrates (o que diga-se, muito provavelmente não ocorreria, se Mário Soares tem sido eleito presidente, mas adiante ...).


Depois da forma leve e, no mínimo, pouco institucional com que o PS (sim, não é o governo, mas é o partido do governo) respondeu ao presidente da república após o veto à lei do divórcio, o líder dos socialistas açorianos (Carlos César) reagiu ao veto ao estatuto dos Açores ("o PS sabe muito bem o que fazer"), vem agora o dead man walking Rui Pereira afirmar que "Em relação aos efectivos que devem vir de funções administrativas para funções operacionais, quero dizer, com toda a clareza, que houve um atraso, que se deveu ao atraso da aprovação da Lei Orgânica da GNR".


Em relação a este último caso, julgo que a imediata intervenção do ministro da presidência (Silva Pereira), , diz tudo: "Se há responsabilidade (quanto ao atraso na aprovação da referida lei) é do Governo, de mais ninguém". Já agora é importante relembrar a data do anúncio feito por José Sócrates no parlamento quanto ao aumento de 4.800 operacionais. Apostas? No início deste ano? Há um ano, em Setembro do ano passado? Não, foi no dia 27 de FEVEREIRO DE 2007.


Quanto ao tom utilizado pelo PS no caso dos vetos à lei do divórcio e ao estatuto dos Açores, o governo e o PS têm de perceber Cavaco Silva. Este é parco nas suas intervenções, escolhe minunciosamente todos os passos que dá. Após o envio do veto (bem fundamentado nos dois casos) o PS não pode reagir numa base trauliteiro-parlamentar com o presidente da república.


Isto para o seu próprio bem ...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Diz que é uma espécie de partido



Confesso que demorei algum tempo a acreditar que PP pudesse significar Paulo Portas. No entanto, à medida que vemos o que se passa com o CDS - do qual destaco o recente caso Nobre Guedes - mais me convenço que tal é verdade.

O CDS cada vez é menos importante e o PP assume cada vez mais protagonismo. Temo que as próximas eleições, passe a ser o partido do triciclo em vez do táxi.

É uma espécie de partido unipessoal.

domingo, 7 de setembro de 2008

Diz que é uma espécie de eleições



Deixo as declarações de João Soares que me parecem elucidativas quanto à democracia e eleições angolanas:

" Cronometrei no meu relógio o noticiário da Televisão Popular de Angola de quarta-feira à noite: 20 minutos do comício com José Eduardo dos Santos, três minutos com Fátima Roque (ex-membro da direcção da UNITA) a dizer que MPLA era o partido do seu coração e três peças com alegados dissidentes da UNITA apelando ao voto no MPLA".


Como diria Sócrates: "Um trabalho notável".

sexta-feira, 29 de agosto de 2008